A terceira principal categoria de requisitos, são aqueles que não são necessariamente exigidos pelo comprador “Business-to-business” (B2B), mas que podem ser usados para focar em segmentos de mercado específicos, com potencial para agregar valor à oferta do produto. Estes incluem, mas não estão limitados aos seguintes:
Halal
O que é certificação Halal?
A certificação Halal é um processo que garante que produtos e serviços estejam em conformidade com os preceitos religiosos do Islamismo. A palavra “Halal” em árabe significa “permitido” e se refere a tudo que é lícito para um muçulmano consumir ou utilizar, de acordo com a Lei Islâmica.
Este é um tipo de certificação que agrega valor aos produtos comercializados, principalmente aos olhos da comunidade islâmica, porque como mencionado anteriormente, traduz que os alimentos foram produzidos e/ou preparados de acordo com os preceitos da lei islâmica. Dependendo do grupo alimentos a obtenção da certificação Halal pode ser complexa (ex.: carnes) ou simples. No caso do processamento primário de amêndoas (ex.: macadâmia e caju), o processo é relativamente simples considerando que o seu processo geralmente não envolve adição de ingredientes secundários, uma simples visita a linha de processamento (auditoria) pode ser suficiente.
Existem diversas entidades certificadoras Halal no mundo, cada uma com suas próprias regras e procedimentos. Em Moçambique temos a Comissão Halal de Moçambique (C.H.M.), fundada em Junho de 2005, é um órgão responsável pelo regulamento dos produtos de consumo Halal que certifica ou aprova um determinado estabelecimento ou produtos com base em condições que vão de acordo com o tipo ou composição de cada estabelecimento, exemplo de Talhos, Matadouros, Fábricas, Pastelarias, Take Aways, entre outros. Um exemplo de um organismo internacional é a Halal Control Services (HCS) que é uma entidade com sede no Reino Unido, actuando em mais de 60 países. Oferece a certificação Halal para diversos produtos e serviços, incluindo alimento, bebidas, cosméticos, produtos farmacêuticos e turismo. Dependendo do mercado, fica na responsabilidade da empresa escolher a entidade mais adequada para obter a certificação.
Se tem interesse em saber mais sobre o processo de certificação halal clique aqui, onde poderá encontrar informações relacionadas aos 6 passos para certificar o seu produto, incluindo os custos por categoria e tamanhos das empresas.
Kosher
A certificação Kosher é um processo que garante que produtos e serviços alimentares estejam em conformidade com as leis judaicas de alimentação, conhecidas como Kashrut. Com grande demanda em países como Estados Unidos, Israel, Canadá e Europa, a certificação Kosher abre portas para esses mercados e permite que empresas alcancem novos consumidores. O selo Kosher agrega valor aos produtos e torná-los mais atraentes para consumidores específicos (ex.: Judeus) demonstrando seu compromisso com a segurança dos alimentos, com a ética, a responsabilidade social e a sustentabilidade. Garante que o produto não contém ingredientes proibidos pela kashrut, como carne de porco, crustáceos e sangue. Isso é especialmente importante para pessoas com alergias alimentares ou que seguem restrições alimentares por motivos religiosos.
Para mais informações sobre a certificação kosher e seus benefícios pode acessar o web site de algumas agências de certificação, como, OU Kosher; OK Kosher; EarthKosher ou The Kosher London Beth Din.
Gluten-free
A doença celíaca é uma doença auto-imune que é desencadeada pelo consumo de glúten e resulta em danos ao intestino delgado. Quando uma pessoa com doença celíaca ingere glúten, o sistema imunológico vê o glúten como uma ameaça e inicia um ataque. Porém, acaba prejudicando o intestino, que auxilia na digestão dos alimentos. Isso pode tornar quase impossível a absorção de nutrientes por parte do organismo, levando à desnutrição e a muitos outros problemas. Por esta razão, há um interesse crescente por parte dos consumidores em muitos mercados em ter confiança de que os alimentos que consomem são isentos de glúten, além de consultar a lista (às vezes obrigatória) de alérgenos no rótulo do produto.
De princípio, a macadâmia e a castanha de caju processadas não contêm glúten, a menos que este seja introduzido por adição de temperos ou por contaminação cruzada com outros itens produzidos na mesma fábrica, o que é altamente improvável. Portanto, é uma tarefa relativamente fácil “autodeclarar” estes produtos como “isentos de glúten” (de preferência apoiados por testes analíticos regulares em laboratórios acreditados) e potencialmente obter um preço mais elevado por eles.
Um nível adicional de credibilidade pode ser fornecido pelo uso de um dos esquemas de certificação “sem glúten” recentemente emergentes, como o Programa de Certificação Sem Glúten (GFCP) do BRGCS. Este utiliza uma abordagem de sistemas de gestão baseada em riscos para controlar eficazmente o glúten e a contaminação cruzada por glúten desde os ingredientes recebidos até o produto final. Vai além da simples realização de testes de produtos finais e pode ser facilmente combinado com uma auditoria de Segurança dos Alimentos.
Organic (também conhecido como “Bio”)
A certificação orgânica é um processo que garante que produtos agrícolas e alimentares foram produzidos de acordo com as normas de produção orgânica. Essas normas visam promover práticas agrícolas sustentáveis que protegem o meio ambiente, a saúde humana e o bem-estar animal. A certificação de alimentos como orgânicos é um processo rigoroso e complexo, especialmente quando se trata de exportação. Isso ocorre porque cada país possui suas próprias normas e regulamentos para a produção e comercialização de produtos orgânicos, o que pode criar desafios para os exportadores.
Cada país possui um conjunto específico de normas e regulamentos para a produção e certificação de produtos orgânicos. Isso significa que os exportadores precisam estar familiarizados com as normas de cada mercado para o qual desejam exportar seus produtos.
A agricultura orgânica exige mais especialização à sua produção, porque os trâmites para a certificação não são tão fáceis quanto se pensa. É possível fazer uma produção orgânica, mas essa produção pode não ter a qualidade suficiente para ser certificada. A certificação exige um certo número de requisito. Actualmente o sector da agricultura em Moçambique está a preparar um regulamento da produção orgânica que deverá considerar os padrões internacionais.
Um dos desafios da certificação orgânica em Moçambique esta relacionado a não existência de auditores para a certificação orgânica no país. Deve-se recorrer a certificadores de fora (ex.: Africa do Sul). Ter auditores locais pode ser traduzido em redução de custos.
Para mais informações sobre a certificação orgânica e seus benefícios pode acessar o web site de algumas agências de certificação, como, Ecocert, SGS, entre outros.
Normas Voluntárias de Sustentabilidade (“VSS”)
Além dos requisitos para os próprios produtos e processos alimentares, muitos dos quais já foram discutidos, os consumidores nas economias desenvolvidas estão a tornar-se cada vez mais exigentes sobre questões de sustentabilidade (aspectos sociais, ambientais e de inclusão/igualdade de género) relacionadas com as formas como o alimento é produzido. Alguns dos esquemas de certificação de segurança dos alimentos mencionados anteriormente têm elementos sociais ou ambientais associados, sem que estes sejam o foco principal. Dependendo das exigências do mercado, porém, alguns esquemas adicionais de certificação voluntária podem ser potencialmente benéficos e fornecer incentivos adicionais para compradores em mercados específicos. No contexto agroalimentar, estes incluem, entre outros:
- Fairtrade Certification;
- Certificação Rain Forest Alliance;
- 4C Certification (para café);
- Edge Certification (para igualidade de género).
Em vez de entrar em detalhes aqui, recomenda-se que os potenciais exportadores façam a sua própria pesquisa de mercado para ver quais (se houver) destes regimes irão melhorar o seu acesso ao mercado.